5 de agosto de 2009

UFF suspende retorno às aulas após esclarecimento de especialistas sobre gripe suína

A Universidade Federal Fluminense (UFF) decidiu, nesta quarta-feira, 5 de agosto, após ouvir especialistas da área, suspender a volta às aulas no dia 10 de agosto, conforme calendário escolar. A UFF aguardará fatos novos quanto à evolução da doença, e na próxima quarta-feira, 12 de agosto, emitirá outra nota oficial sobre o possível retorno no dia 17 ou em data posterior.

A chamada gripe suína tem assustado muita gente. Por isso, o mestre em Ciências Médicas Luiz Sérgio Keim, do Serviço de Infectologia do Hospital Universitário Antônio Pedro e professor Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da UFF, esclarece algumas das principais dúvidas com relação à doença.

O principal ponto defendido por Keim é de que a gripe suína é apenas uma variação da chamada síndrome gripal. Esta síndrome congrega todos os tipos de gripe, doença, com a qual, segundo o professor, convivemos desde o início da humanidade. "São mais de 200 tipos de vírus que causam a gripe. E, todos os anos, vivemos pequenas epidemias da doença, principalmente no inverno", explicou.

Assim como na gripe comum, os principais sintomas da suína são febre acima de 38°C, mal-estar, dores musculares e nas articulações, dor de garganta, coriza, podendo ocorrer também distúrbios gastrointestinais como vômitos e diarreia. Por isso, o professor alerta sobre alguns sinais que podem ser percebidos em casa e demonstram que é hora de procurar ajuda médica.

São eles:

• Desidratação
• Taquipneia (falta de ar)
• Alteração do estado de consciência
• Febre alta persistente por mais de cinco dias

Ainda segundo ele, a indicação de internação ocorre apenas nos casos em que os pacientes apresentam agravamento do caso. A exceção fica por conta das gestantes, consideradas sempre no grupo de risco.

Sobre os cuidados para não se pegar a gripe, o professor Keim afirma que não é preciso nada além de lavar bem as mãos, beber bastante líquido e evitar lugares fechados como cinemas, teatros e shoppings. "O uso de máscaras só é indicado no contato direto com pacientes que tenham a doença. E o famoso álcool em gel não higieniza por completo. Melhor mesmo é lavar as mãos com água e sabão."

Para o especialista, é importante que a universidade também tenha uma postura de precaução com relação à gripe suína. "Como temos alunos vindos de vários lugares e o clima pede muitas vezes que estejamos com as janelas das salas de aula fechadas, o ambiente universitário se torna propício à propagação da doença." Na opinião dele, o adiamento do início das aulas pode ajudar na prevenção de um surto maior da gripe.

O professor esclarece também que não há motivo para alarde com a doença. Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano passado mais de 25 mil pessoas foram internadas devido à gripe comum. Em 2002, esse número ultrapassou a casa dos 70 mil pacientes. "Todos estamos assustados, mas não há motivo para tanto. Precisamos nos cuidar e tomar as precauções necessárias. Não há razão para pânico", frisou.

Professora do Instituto Biomédico diz que é preciso cautela com a nova gripe

Já a professora Rita de Cássia Coubel Garcia, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia do Instituto Biomédico da UFF, afirmou que a possibilidade do adiamento do início das aulas na universidade deve ser tratada com cautela.

Para ela, a aglomeração de pessoas em locais fechados, como cinemas e salas de aula, aumenta o risco de contágio. O clima do mês de agosto também é um fator agravante para o alastramento do vírus. "É o nosso inverno", destacou. De acordo com Rita de Cássia, nesta época do ano é comum que os casos de gripe aumentem. A especialista salienta que a atenção com a gripe suína se dá devido à população não ter anticorpos para o vírus que causa a doença.

Quanto à questão das aulas na UFF, a professora diz que "poderíamos pedir para que as pessoas com algum sintoma de doenças respiratórias não comparecessem às aulas. Mas isso também não garante que não vai haver contágio, porque o vírus começa a se espalhar um dia antes de a pessoa apresentar os sintomas da gripe".

Créditos: UFF Notícias

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