Quem participou do IV Fórum Arquivos & Arquivos no auditório
do Museu da Vida nessa 2ª-feira (7/11), pôde esclarecer detalhes bem
específicos dessa área de atuação a partir das três apresentações dos
integrantes da mesa. Eles responderam às perguntas e esclareceram
dúvidas da plateia formada majoritariamente por profissionais que
trabalham com a organização de arquivos. Na oportunidade, houve o
lançamento do DVD-Rom Manual para gestão de documentos e arquivos de laboratórios das ciências biomédicas, de Paulo Elian dos Santos.
“Qual o papel do arquivista no processo de gestão de arquivos
pessoais?” foi a pergunta e o ponto de partida de Lucia Maria Velloso
Oliveira em sua tese de doutoramento em história social. Foi dela a
primeira apresentação, em que falou sobre a “descrição arquivística, que
nada mais é do que a primeira representação do arquivo, o resultado de
um processo de tratamento dos arquivos conduzido pelo arquivista”.
Responsável pelo serviço de arquivo institucional e histórico da Casa
Rui Barbosa, Lucia Maria apresentou visões de estudiosos de diferentes
países, como a Holanda, Inglaterra, Canadá e EUA, que resultaram em
normas internacionais de descrição arquivística. Lucia Maria fez o
mestrado no momento em que ela define como o do “boom da arquivologia no
contexto da WEB”, quando a meta era a padronização e a normatização. No
final do seu curso, ainda restaram muitas questões e, no doutorado,
resolveu continuar estudando a descrição aquivística, quando resolveu
trabalhar com arquivos pessoais.
A segundo apresentação foi do vice-diretor da Casa de Oswaldo Cruz Paulo Roberto Elian dos Santos, que falou sobre um estudo seu realizado entre 2010-2011, em que amplia o universo pesquisado durante o doutoramento em história social na USP. Inicialmente, ele analisou arquivos de um laboratório biomédico da Fiocruz e, agora, o trabalho abrange nove dos 71 laboratórios em funcionamento no principal centro biomédico da instituição:
Paulo Elian dos Santos apresenta resultados de seu estudo sobre gestão
de documentos em laboratórios, ao lado de Marcelo Pelajo Machado,
José Mauro da C. Pinto e Lucia Maria Velloso Oliveira.
Foto: Vinícius Pequeno/COC
“Eu queria compor um mosaico, ter o perfil do ambiente da produção
documental nos laboratórios da Fiocruz”, diz, ao explicar que fez 22
entrevistas com pesquisadores e técnicos, e que tenta aproximar a
arquivologia da sociologia da ciência. O objetivo é descobrir novas
possibilidades e ampliar as ações de gestão de documentos utilizados
pelos cientistas durante as pesquisas nesses laboratórios.
Paulo Elian trabalha com três grandes temas: o uso, a organização e a
guarda de documentos; os limites entre os arquivos institucionais e
pessoais e os documentos como memória institucional. Ele analisa
documentos produzidos a partir da atividade de pesquisa: os cadernos de
protocolos, em que são registradas todas as etapas dos experimentos; os
artigos, relatórios, as teses, entre outros, que tratam do controle e da
qualidade das investigações.
“Quando o arquivo é uma coleção: a gestão de coleções científicas”
foi o tema da terceira apresentação, do doutor em biologia molecular e
celular Marcelo Pelajo Machado, chefe do Laboratório de Patologia do
Instituto Oswaldo Cruz. Ele é o curador do Museu de Patologia, que cuida
de coleções biológicas da Fiocruz, como a que reúne mais de meio milhão
de lâminas de fragmentos de fígado de vitimas de febre amarela, a maior
parte delas do período em que a Fundação Rockefeller participou do
combate à doença em parceria com profissionais brasileiros.
Marcelo Pelajo fez um breve histórico do museu, mostrando uma linha
do tempo, com sua trajetória desde a criação por Oswaldo Cruz, no início
do século 20. Ele destacou que durante o último governo militar, o
Museu foi sucateado mas, a partir de 1984, os pesquisadores Henrique e
Jane Lenzi, bem como Itália Kerr, voltaram a trabalhar com as coleções
biológicas.
Desde então, passou-se a investir na organização das coleções, com
impulso maior nas duas últimas décadas, quando foram elaborados um
Manual de Organização de Coleções Biológicas da Fiocruz e o Plano
Diretor para salvaguardar o Museu. Entre outros objetivos dessas
medidas, destacam-se a busca de recursos visando organizar e manter as
coleções, que passaram a ter visibilidade, a partir da criação da página
eletrônica do museu.
Há três coleções: a microbiológica, a zoológica e a histopatológica.
Cada uma delas tem o seu plano, que reflete as áreas de atuação do
Museu: o ensino, a pesquisa, o desenvolvimento estratégico, a divulgação
científica e o patrimônio, que visam manter, guardar e divulgar as
coleções.
Créditos: COC Fio Cruz
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