16 de novembro de 2011

Técnicas e métodos de gestão de arquivos são a tônica do IV Fórum Arquivos & Arquivos

Quem participou do IV Fórum Arquivos & Arquivos no auditório do Museu da Vida nessa 2ª-feira (7/11),  pôde esclarecer detalhes bem específicos dessa área de atuação a partir das três apresentações dos integrantes da mesa. Eles responderam às perguntas e esclareceram dúvidas da plateia formada majoritariamente por profissionais que trabalham com a organização de arquivos.  Na oportunidade, houve o lançamento do DVD-Rom Manual para gestão de documentos e arquivos de laboratórios das ciências biomédicas, de Paulo Elian dos Santos.

“Qual o papel do arquivista no processo de gestão de arquivos pessoais?” foi a pergunta e o ponto de partida de Lucia Maria Velloso Oliveira em sua tese de doutoramento em história social. Foi dela a primeira apresentação, em que falou sobre a “descrição arquivística, que nada mais é do que a primeira representação do arquivo, o resultado de um processo de tratamento dos arquivos conduzido pelo arquivista”.

Responsável pelo serviço de arquivo institucional e histórico da Casa Rui Barbosa, Lucia Maria apresentou visões de estudiosos de diferentes países, como a Holanda, Inglaterra, Canadá e EUA, que resultaram em normas internacionais de descrição arquivística. Lucia Maria fez o mestrado no momento em que ela define como o do “boom da arquivologia no contexto da WEB”, quando a meta era a padronização e a normatização. No final do seu curso, ainda restaram muitas questões e, no doutorado, resolveu continuar estudando a descrição aquivística, quando resolveu trabalhar com arquivos pessoais.

A segundo apresentação foi do vice-diretor da Casa de Oswaldo Cruz Paulo Roberto Elian dos Santos, que falou sobre um estudo seu realizado entre 2010-2011, em que amplia o universo pesquisado durante o doutoramento em história social na USP. Inicialmente, ele analisou arquivos de um laboratório biomédico da Fiocruz e, agora, o trabalho abrange nove dos 71 laboratórios em funcionamento no principal centro biomédico da instituição:


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Paulo Elian dos Santos apresenta resultados de seu estudo sobre gestão
de documentos em laboratórios, ao lado de Marcelo Pelajo Machado,
José Mauro da C. Pinto e Lucia Maria Velloso Oliveira.
 
Foto: Vinícius Pequeno/COC

“Eu queria compor um mosaico, ter o perfil do ambiente da produção documental nos laboratórios da Fiocruz”, diz, ao explicar que fez 22 entrevistas com pesquisadores e técnicos, e que tenta aproximar a arquivologia da sociologia da ciência. O objetivo é descobrir novas possibilidades e ampliar as ações de gestão de documentos utilizados pelos cientistas durante as pesquisas nesses laboratórios.

Paulo Elian trabalha com três grandes temas: o uso, a organização e a guarda de documentos; os limites entre os arquivos institucionais e pessoais e os documentos como memória institucional. Ele analisa documentos produzidos a partir da atividade de pesquisa: os cadernos de protocolos, em que são registradas todas as etapas dos experimentos; os artigos, relatórios, as teses, entre outros, que tratam do controle e da qualidade das investigações.

“Quando o arquivo é uma coleção: a gestão de coleções científicas” foi o tema da terceira apresentação, do doutor em biologia molecular e celular Marcelo Pelajo Machado, chefe do Laboratório de Patologia do Instituto Oswaldo Cruz. Ele é o curador do Museu de Patologia, que cuida de coleções biológicas da Fiocruz, como a que reúne mais de meio milhão de lâminas de fragmentos de fígado de vitimas de febre amarela, a maior parte delas do período em que a Fundação Rockefeller participou do combate à doença em parceria com profissionais brasileiros.

Marcelo Pelajo fez um breve histórico do museu, mostrando uma linha do tempo, com sua trajetória desde a criação por Oswaldo Cruz, no início do século 20. Ele destacou que durante o último governo militar, o Museu foi sucateado mas, a partir de 1984, os pesquisadores Henrique e Jane Lenzi, bem como Itália Kerr, voltaram a trabalhar com as coleções biológicas.

Desde então, passou-se a investir na organização das coleções, com impulso maior nas duas últimas décadas, quando foram elaborados um Manual de Organização de Coleções Biológicas da Fiocruz e o Plano Diretor para salvaguardar o Museu. Entre outros objetivos dessas medidas, destacam-se a busca de recursos visando organizar e manter as coleções, que passaram a ter visibilidade, a partir da criação da página eletrônica do museu.

Há três coleções: a microbiológica, a zoológica e a histopatológica. Cada uma delas tem o seu plano, que reflete as áreas de atuação do Museu: o ensino, a pesquisa, o desenvolvimento estratégico, a divulgação científica e o patrimônio, que visam manter, guardar e divulgar as coleções.

Créditos: COC Fio Cruz

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