4 de dezembro de 2015

Confira o artigo Refletindo sobre a profissão, escrito pela Doutora Kátia Isabelli


Professora doutora Katia Isabelli Melo de Souza, docente adjunta/Curso de Arquivologia Universidade de Brasília (UNB)

O exercício profissional do arquivista, no Brasil, possui respaldo legal em consonância com a lei 6.546/1978. As atribuições inerentes que lhe são afetas estabelecem algumas funções tidas como prioritárias desse fazer arquivístico sendo o planejamento e direção de arquivos, a gestão de documentos associada às medidas de conservação e à descrição e difusão do acervo. Uma parte dessas atribuições vincula-se à instituição arquivística, sendo planejar e dirigir; outra parte vincula-se aos documentos, representadas pela gestão, conservação e descrição. Contudo, é com a difusão que floresce uma simbiose com o usuário, com quem está em busca da informação, do outro lado do balcão. O papel do arquivista junto à sociedade se manifesta, portanto, como o profissional responsável pela intermediação entre a instituição e a busca da informação; entre o usuário e o acervo e entre o documento e a representação da informação levando em consideração a adoção das novas tecnologias.

Ao analisarmos os agentes de formação e o comportamento do mercado de trabalho para arquivista, no Brasil, como espaço de desenvolvimento da práxis arquivística percebemos alterações no grau de visibilidade do profissional junto à sociedade. No desenho da linha do tempo identificamos o arquivista em posição privilegiada em relação a vinte anos atrás. O fortalecimento da profissão no Brasil apresenta os sinais mais claros a partir dos anos 90 revelando uma maior intensidade no mercado de trabalho na década seguinte. No que se refere aos espaços de formação, houve uma amplitude das ofertas dos cursos de Arquivologia, que já cobrem todas as regiões brasileiras sendo, atualmente, ministrados em dezesseis universidades públicas. Nos últimos anos as instituições, sobretudo públicas, têm criado e ampliado os seus quadros profissionais para agregar os arquivistas como gestores das informações e responsáveis pelo fluxo dos documentos. Outro dado reforça o reconhecimento do exercício profissional onde arquivista é a denominação do cargo ocupado em 76,4% das instituições. A diversidade profissional o insere em ambientes diferenciados de atuação compreendendo desde a produção documental e o suporte à tomada de decisões até a preservação e difusão dos acervos. O mercado de trabalho está garantido em toda e qualquer instituição, pública ou privada, que produza, armazene e disponibilize informação onde a carreira de arquivista apresenta o índice de ingresso de mais de 70% dos profissionais. Nos espaços de trabalho a evolução do pensar e do atuar do profissional altera-se de guardião de documentos para uma atuação com prioridade em gestão dos documentos, ainda que esteja inserido também na docência, nas atividades de gestão de projetos e na direção de arquivos.

Ao desvendar o arquivista no cenário brasileiro observa-se que o mercado vem exigindo maior qualificação profissional. Isso inclui o conhecimento das ferramentas da informática e a formação continuada, representada pelos cursos de pós-graduação. E é justamente esse meio que possibilita a reflexão e a ampliação dos debates acerca do valor do arquivista para a sociedade como agente de mudança e de informação. Por fim, entendemos que o grau de visibilidade do arquivista decorre da ampliação do círculo de atuação do profissional em todos os níveis da sociedade e do fortalecimento de sua formação.

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